BdP - O que a motivou a dedicar a sua vida a esta área?
SSC - A motivação aconteceu com a formação académica avançada que frequentei quando procurei alargar as minhas competências profissionais, nunca pensando que a minha vida profissional fosse mudar radicalmente. Tomei contacto com a área do Protocolo, em Junho de 2003, ao frequentar a Pós-Graduação em Assessoria Empresarial (ISLA-Lisboa), através do módulo de Protocolo Empresarial, leccionado pela Senhora Dra. Isabel Amaral. Gostei muito da Docente, da sua forma de ensinar e, naturalmente, apaixonei-me pela matéria. Estes foram os pontos de partida.
A partir daí e, sempre muito motivada, frequentei continuamente formação superior e fiz investigação em paralelo. Primeiro, ao cursar a 1ª edição da Pós-Graduação em “Imagem Protocolo e Organização de Eventos” (ISLA-Lisboa), coordenada pela mesma Docente; no ano seguinte ao frequentar o “Experto Universitário en Protocolo y Ceremonial”, na Escola Internacional de Protocolo, em Madrid. O Experto Universitário foi muito importante no meu percurso académico, quer pela experiência de estudar em Espanha, ao longo de um ano lectivo, quer pelo amadurecimento dos conhecimentos. Foi um ano desafiante e altamente gratificante. Mais tarde fui realizando outras formações, de curta duração, primeiro em Barcelona e depois em Bruxelas respectivamente na “Europrotocol” e na “International School of Protocol”. Concluí este Verão, o “Master Internacional en Gestión y Organización de Eventos” ministrado no âmbito duma parceria entre a “Universidad Camilo José Cela” (Madrid) e a “Escuela Internacional de Protocolo de Madrid”.
A mudança de rumo profissional aconteceu quando a empresa em que trabalhava mudou de Administração e, consequentemente, eu tive de procurar um novo emprego. O gosto pelo ensino esteve sempre presente e a minha área de licenciatura é disso exemplo - Línguas e Literaturas Modernas. Encarei a área da formação (Protocolo, Imagem Profissional, Organização de Eventos e Secretariado) como uma oportunidade e investi. Quando não se tem emprego não se tem nada a perder. Embora o mercado português não seja muito grande, sou uma pessoa esforçada e muito lutadora, pelo que fui conseguindo avançar em pequenos passos.
BdP - Sendo professora universitária e formadora como analisa o crescente interesse e investimento, tanto no sector público como no privado, nesta área?
SSC - Como Docente e como Formadora vejo o crescente interesse por parte do público, como uma necessidade sentida pelos profissionais em alargarem competências e como um reconhecimento de que o saber nesta área é um elemento diferenciador entre colaboradores com iguais conhecimentos técnicos. Quando uma instituição está a contratar um colaborador todos os aspectos do seu comportamento estão sob avaliação, muito para além do seu “Curriculum Vitae”. Ainda para mais num momento tão complexo como aquele que se vive, com uma taxa altíssima de desemprego.
É muito natural que quer as instituições públicas, como um meio de promoverem a sua imagem, quer as empresas privadas, como uma forma de interagirem com os seus “shareholders” e “stakeholders” procurem, através da formação, dotar os seus colaboradores de todas as ferramentas que lhes permitam melhor transmitir os seus interesses, realizar negócios e contribuir para bons resultados. Acredito que o Protocolo é um instrumento de comunicação poderoso para qualquer profissional empenhado em ter uma carreira de sucesso.
A estes aspectos, acresce o facto de cada vez mais as empresas estarem voltadas para o mercado externo. Evidentemente que, também neste campo, vêem no Protocolo uma necessidade, um instrumento facilitador, um meio para melhor negociarem e se moverem num mundo globalizado. Em ambiente multicultural, uma falha pode condicionar uma parceria ou um negócio. Considere, por exemplo, que o número 4 para os Chineses é um número de azar o que significa que, ao receber um parceiro desta nacionalidade não poderá usar uma viatura que tenha o 4 na matrícula, reservar um quarto que inclua o número 4, organizar uma reunião ou um almoço com 4 pessoas, etc, etc..
Gosto imenso daquilo que faço e fico encantada quando consigo despertar em Alunos e Formandos o interesse pelo estudo na área do Protocolo.
BdP - Tenho acompanhado, com atenção e curiosidade, já há bastante tempo, o blogue que partilha com a Senhora Dra. Cristina Marques Fernandes, o que motivou a criação desse espaço de partilha de informação?
SSC - A criação do blogue protocolopt.blogspot.com foi uma ideia da Cristina Marques Fernandes e não minha. No entanto, imediatamente após a sua criação, o encarei como um desafio e como um meio para partilhar conhecimento junto do público. Aliás essa é a missão do blogue: “Cristina Marques Fernandes e Susana de Salazar Casanova, em parceria, criam este espaço para partilhar informação de Protocolo / Cerimonial / Imagem / Comunicação. O Protocolo é uma ferramenta da comunicação!”.
Antes da existência do blogue procurávamos inteirar-nos, na medida do possível, de temas da actualidade protocolar, mas mais numa perspectiva de investigação. O blogue e o incentivo que fomos recebendo dos nossos Formandos e dos Leitores ao longo dos seus quase quatro anos, deram-nos muita energia para fazer cada vez melhor, para estudar e partilhar cada vez mais informação. Vejo o conhecimento como algo que deve ser partilhado. O ser humano é um ser social e conhecimento sem partilha não faz total sentido.
Como empenhadas que somos em tudo o que fazemos, temos pelo blogue um grande carinho e continuaremos a manter esse espaço actualizado, activo e interessante para o público.
BdP - Desde que trabalha nesta área, qual foi a experiência que mais a marcou?
SSC - É difícil escolher porque tenho tido a oportunidade de viver muitas experiências marcantes.
A primeira acção de formação ministrada foi um marco muito importante, um enorme desafio. Um grande bem-haja à Senhora Dra. Maria da Graça Gomes, Presidente da ASP, pela oportunidade. O ano lectivo transacto, no ISLA-Lisboa, com mais de trezentos alunos foi impactante.
E, adicionalmente, a experiência no âmbito da Formação Profissional, em África, é inesquecível.
BdP - Recentemente, e também com a colaboração da Senhora Dra. Cristina Marques Fernandes, criou uma crónica, de seu nome Protocolo, que é semanalmente publicada no site da revista Sábado, qual tem sido ao feedback dos leitores?
SSC - A “Crónica de Protocolo” surgiu através de um convite directo formalizado por um dos editores da Revista “Sábado”, no final do ano passado. A direcção da “Sábado” procurava alargar a área temática das Crónicas incluindo, também, o Protocolo. Ao pesquisarem na internet descobriram-nos através do blogue e viram em nós uma oportunidade para realizarem os seus objectivos. Levámos algum tempo até ter tudo alinhado mas, desde 7 de Abril, estamos “on-line”, com uma nova Crónica, a cada Sábado.
Aceitámos este desafio e temos recebido dos Leitores muitos comentários, ideias para novas Crónicas e mensagens francamente positivas. Continuaremos a esforçar-nos por agradar a quem nos lê com interesse, com a força e o empenho que nos caracteriza.