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Diogo Marques dos Santos

terça-feira, 19 de abril de 2011

À conversa com... Eliane Ubillús (Parte I)



Este mês a minha convidada é a ceremonialista Eliane Ubillús (EU). Como habitual, a entrevistada irá responder a 05 perguntas, contudo desta vez a entrevista será publicada em duas partes. 

BdP - O que a motivou a dedicar a sua vida a esta área?

EU - Meus pais sempre exigiram muito os bons modos a comer corretamente usando todos os talheres e o respeito por tudo. Acho que esse foi um grande passo. Fora isso, minha mãe preparava as comemorações de Aniversário, Natal, Páscoa etc. de forma diferenciada das casas de outros colegas, pois sempre era com muita decoração muita comida especial e uma surpresa impreterivelmente fazia parte dos eventos. Fora isso, a louça, os cristais, os talheres, a prataria e as toalhas de mesa que eram peças de família tinham marcas das mais conceituadas.
Quando adolescente, comecei a ajudar nos casamentos das amigas, fui me dedicando e passei a pesquisar e a estudar tudo o que se relacionava com cerimonial e eventos. Esse foi meu começo.

Depois, mudei-me do Rio de Janeiro indo morar no interior de Minas Gerais. Ao ouvir um discurso de um prefeito (Presidente de Câmara em Portugal) que foi deplorável e participar de cerimônias que chegavam a ser grotescas decidi ajudá-lo e para tanto tive que buscar ensinamentos sobre cerimonial público.

Tempos depois, mudei novamente de cidade e o Prefeito de Campos do Jordão (SP) aonde vim morar me convidou para ser sua Chefe do Cerimonial. Após algumas dúvidas aceitei o cargo e passei a me dedicar plenamente ao cerimonial. Fiz curso com o Professor Nelson Speers (o Papa do cerimonial no Brasil) e logo depois entrei para o Comitê Nacional de Cerimonial e Protocolo, onde a convivência com os colegas me proporcionou grandes avanços técnicos.

BdP - Tive a oportunidade de ler o seu curriculum e vejo que tirou vários cursos ligado às artes, incluindo Piano, Ballet, Danças Clássicas, entre outros. Considera que este seu background a ajuda e a  inspira quando organiza eventos?

EU - Sempre comento que se apenas tivesse estudado  cerimonial, não teria esta base tão plenamente sólida no desenvolvimento do meu trabalho. Os estudos de piano me deram a musicalidade, o ritmo, o conhecimento de peças dos grandes autores, mas o Ballet me deu tudo: Na verdade o Ballet é completo. Dele pude aprender o ritmo correto para tudo na vida. O respeito pelos espaços... Quem passa quando (que no cerimonial chama-se de precedência), pois os primeiros bailarinos são primeiros bailarinos e ponto final. Os solistas e o corpo de baile têm outro espaço, ou seja, outra precedência e  tudo aquilo junto, dentro de um respeito absoluto, forma um grande espetáculo que chega a inebriar o público.

O Ballet também me ensinou coreografia, o que hoje me serve para criar os deslocamentos nos palcos, as entradas e saídas e utilizar a música de forma expressiva inclusive para "dizer" que irá começar o evento sem que nenhuma palavra seja usada para pedir silencio ou informar que irá começar o ato. Também para entrada do Mestre de cerimônias para as assinaturas de documentos, etc. A base da coreografia também auxilia no desenvolvimento da criação de atos e detalhes que muitas vezes embelezam ou levam surpresa às pessoas.
Num evento temos que surpreender sempre. Isso é que faz a diferença. Não é o dinheiro que construirá um belo evento e sim a criatividade, o respeito às pessoas, aos usos e costumes, à sustentabilidade ambiental e a outros tantos itens.
Isso tudo, inevitavelmente agregados à ética e a fartos conhecimentos técnicos é que nos levam ao sucesso em cerimonial e consequentemente à credibilidade profissional.

O desenvolvimento dos cenários também veio do Ballet e isso é uma das coisas  que mais prezo nos eventos, pois o fará belo e acima de tudo acolhedor. Conhecendo o tema do evento busco primeiro o cenário onde realizá-lo para depois criar a cerimônia em si.
Em geral os atos de cerimonial de governo são presos a alguns gabinetes o que os torna cansativos. Por mais simples que sejam os eventos serão valorizados se acontecerem num belo cenário, com a música adequada, decoração perfeita e os deslocamentos corretos.
Fora isso, conhecimentos sobre arranjos florais e um pouco de gastronomia (que no meu tempo chamava-se Alta culinária) me auxiliam a escolher cardápios discutir elementos que comporão um prato ou os volumes dentro de um ambiente.

BdP -  Como vê a evolução da área no Brasil?

EU - O cerimonial no Brasil cresceu muito desde a criação do Comitê Nacional do Cerimonial e Protocolo e depois do ano 2000, quando nos inserimos no contexto internacional, crescemos mais ainda. Nossos conhecimentos hoje são globalizados. Hoje muitos conhecem cerimonial internacional, o que antes era quase que restrito ao cerimonial da Presidência da República ou do Ministério de Relações Exteriores. Já temos curso de Pós graduação, e os cursos livres têm um bom nível técnico. Ainda nos faltam uma escola técnica e um curso de graduação, mas isso está sendo programado e creio que em breve irá acontecer.



Saudações Protocolares, 

Diogo Marques dos Santos

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