Seja bem-vindo ao BdP – Bureau du Protocole, um blogue actual onde poderá ler artigos sobre variadíssimos assuntos ligados, em particular, ao mundo do Protocolo, da Etiqueta e da Diplomacia.

Welcome to BdP – Bureau du Protocole, a blog where you will have the chance to read many articles on many different subjects specially linked to the field of Protocol, Etiquette and Diplomacy.

Diogo Marques dos Santos

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

À conversa com... Isabel Amaral




Para a primeira entrevista o "Bureau du Protocole" (BdP) pediu a colaboração da Senhora Dra. Isabel Amaral (IA), Presidente da APEP - Associação Portuguesa de Estudos de Protocolo, professora, oradora, formadora, coordenadora da Pós-Graduação em Imagem, Protocolo e Organização de Eventos no ISLA Lisboa e uma das maiores experts da área em Portugal, que prontamente me concedeu alguns minutos da sua preenchida agenda para responder às cinco questões formuladas.

************ Entrevista ************


BdP - O que a motivou a dedicar a sua vida a esta área?

IA - Foi um longo caminho. Quando eu tinha a sua idade, achava o protocolo uma coisa antiquada e aborrecida e nada fazia prever que eu iria dedicar a maior parte da minha vida profissional a esta matéria. Mas a vida não é muitas vezes aquilo que sonhamos.

Em 1989 fui surpreendida com um convite para trabalhar com o primeiro-ministro Cavaco Silva. Aceitei esse convite e durante sete anos fiz parte do seu gabinete como conselheira para os assuntos culturais. Foram anos intensos e muito interessantes e foi no exercício dessas funções que descobri a importância do protocolo.

Ultrapassados os preconceitos da adolescência, fui conhecendo as suas normas, reflectindo sobre os seus processos, apreciando a sua utilidade. E, como sempre gostara – e continuo a gostar muito – de teatro, deixei-me fascinar por essa encenação do poder que o protocolo sempre é. Porque, ao contrário do que por aí se diz, o protocolo não é uma questão de etiqueta e de boas maneiras. É uma questão de poder – ou de poderes.

Quando em 1995 o primeiro-ministro decidiu abandonar a chefia do governo, eu fui forçada a mudar de vida. A experiência da política fora muito interessante mas eu não estava interessada em repeti-la. Queria fazer coisas diferentes, novas, interessantes. E queria fazê-las por minha conta e risco. Mas, enquanto não fazia essas coisas, estava desempregada e tinha de encontrar trabalho.

Reflecti muito e conclui que, de tudo aquilo que eu aprendera durante aqueles sete anos, havia uma matéria que ninguém ensinava então em Portugal: o protocolo. Esse era, até então, o domínio reservado dos diplomatas, que, até por dever de ofício, não são pessoas habituadas a partilhar informações e segredos com os outros.

Foi no entanto isso mesmo que eu resolvi fazer: partilhar os meus conhecimentos sobre protocolo, o meu saber de experiência feito, correndo embora o risco de ser considerada atrevida ou impertinente.


BdP - O que sente quando ensina Protocolo?

IA - Sinto uma grande alegria por partilhar conhecimentos e por ao longo dos últimos dez anos ter conseguido que o protocolo fosse uma disciplina com dignidade cientifica para ser incluída no ensino superior em pós graduações e mestrados.

Mas o que me dá maior alegria é conseguir despertar o interesse por esta matéria em alunos que se calhar a consideravam à partida uma perfeita inutilidade. Muitos dos meus alunos lançaram empresas e negócios nesta área com aparente sucesso e isso enche-me de orgulho.

Quando dou aulas em Universidades no estrangeiro sinto uma responsabilidade acrescida mas sei que os problemas que os técnicos de protocolo enfrentam nos nossos dias são semelhantes em todo o mundo e é sempre um privilégio ser convidada para partilhar a minha visão sobre estas matérias nos quatro cantos do mundo.

BdP - Acha que o Protocolo pode ser uma ferramenta de excelência nas relações entre as instituições?

IA - O protocolo tem como objectivo principal estabelecer relações de civilidade entre as autoridades constituídas nas várias instâncias do(s) poder(es), buscando uma harmonia que evite conflitos e atropelos.

Nesse sentido é com certeza uma ferramenta de excelência nas relações entre as instituições sejam elas Estados, ministérios, empresas ou outros organismos.

BdP - Numa palavra consegue descrever a essência do Protocolo?

IA - Harmonia.

BdP - Considera que o Protocolo é algo que todos podem/devem aprender?

IA - Ter conhecimento de protocolo é importante para todos os que trabalhem em instituições em que tenham de receber visitantes ou organizar reuniões, negociações, eventos institucionais, etc.

Não sei se todos devem aprender protocolo mas acredito que todos podem aprender protocolo. Está ao alcance de todos perceber as regras e técnicas de ordenamento de pessoas ou bandeiras, por exemplo, e assim evitar erros na organização de eventos.

Como eu faço questão de distinguir o protocolo da etiqueta, não concebo que se dê um curso de “protocolo” a crianças. Até porque as regras essenciais da etiqueta tradicional – como o respeito pelo «peso» da idade e a «fraqueza» do sexo – são alteradas, desrespeitadas ou subvertidas pelo protocolo.



************ Entrevista ************


Antes de terminar este post, gostaria de agradecer o seu precioso contributo e a sua disponibilidade.

Saudações Protocolares

Diogo Santos Rosa

Nenhum comentário:

Postar um comentário